29/08/2012

Alimentos Alérgenos

De olho nos novos alérgenos: alimentos que passamos a consumir mais recentemente podem causar novos tipos de alergia

É curioso: apesar de 90% das alergias alimentares estarem relacionadas a apenas oito tipos de alimentos*, outro fator vem aumentando o índice dessas reações. Trata-se dos novos alérgenos, alimentos que foram introduzidos à população mais recentemente. Kiwi, gergelim e mostarda são alguns exemplos e já somam casos consideráveis desse tipo de doença.

Quem dera as alergias alimentares fossem coisa do passado e hoje já existisse a cura para cada uma delas! Assim, não seria preciso se preocupar com a reação que o organismo da criança teria após ingerir determinados alimentos, não é mesmo?

"O organismo humano é complexo e a alergia alimentar nada mais é do que uma reação do próprio sistema imunológico contra algumas proteínas, enxergando determinado alimento como um verdadeiro inimigo invasor", explica a Dra. Renata Cocco, da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI). O contato com novas proteínas, associado a uma predisposição genética, reflete no aumento da chance de desenvolver uma doença alérgica. Ou seja, as reações alérgicas da mãe e do pai podem influenciar em 75% os casos de alergias nos filhos – mesmo aquelas que não estão associadas aos alimentos. "Por isso é importante que a mãe, durante sua gestação, tenha uma alimentação saudável e balanceada, com muitas frutas e verduras, além de peixes ricos em ômega-3 (salmão, arenque e sardinha, por exemplo), pois pode minimizar o aparecimento de várias doenças, inclusive a alergia", aconselha a especialista.

Já os novos alérgenos não têm nenhuma causa nos genes, mas sim na falta de hábito de consumo, já que foram introduzidos na alimentação mais recentemente.

Cuidado: intolerância não é alergia


Essa é uma das distorções mais comuns: nem tudo é alergia! "Em 35% dos casos em que os pais levam os filhos apresentando sintomas de alergia, só 6% confirmam a doença", explica Dra. Renata.

A intolerância alimentar é a principal causa dessa confusão. Apesar de os sintomas serem bem parecidos, a alergia geralmente é mais grave. Uma pessoa pode ter dificuldade na digestão a algum tipo de alimento, sem envolver o sistema imunológico, o que configura intolerância.

É alergia mesmo?


A única forma de ter 100% de certeza se é ou não alergia, é pelo teste de provocação oral, ou desencadeamento, em que a criança é submetida ao alimento suspeito sob supervisão médica. Este teste deve ser realizado em ambiente próprio, com diferentes medicações prontas para serem utilizadas, caso seja preciso.

Geralmente é indicado em situações em que há necessidade de se estabelecer a relação "causa versus efeito" entre os sintomas apresentados e os alimentos suspeitos, ou no caso das alergias mais tardias – gastrintestinais – em que há dificuldade em estabelecer o real responsável pelos sintomas.

Os testes laboratoriais – cutâneos e de sangue – não garantem um diagnóstico preciso e devem ser muito bem interpretados por um médico experiente. As formas gastrintestinais das alergias, de caráter mais tardio, podem apresentar resultados negativos nos exames laboratoriais, sem, no entanto, ser afastado o diagnóstico de alergia.

Por isso, é bom estar atenta à alimentação de seu filho. E, independentemente de suspeita de alergia ou intolerância, recorra ao pediatra de sua confiança. Só ele pode garantir um diagnóstico eficaz!

*Alimentos que causam 90% das alergias alimentares:
- leite;
- ovo;
- soja;
- trigo;
- amendoim;
- castanhas;
- peixes e frutos do mar.


 

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